Luxo acessível
Por Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação
Referências: Fabricante e revistas Autoesporte, Quatro Rodas e Carro.

Dois destes três sedãs de grande porte são importados da Ásia enquanto o outro vem da Austrália. Em comum eles têm motor V6, a pretensão de oferecer luxo e requinte a executivos e custam menos de 150 mil reais. Estou falando dos asiáticos Hyundai Azera e Honda Accord e do australiano Chevrolet Omega, destaques deste comparativo.

O sul-coreano Azera chegou ao país no início do ano. Se eu falei em pretensão no primeiro parágrafo, no caso da Hyundai ela foi exagerada ao compará-lo em espaço interno com o BMW Série 7 e em desempenho com o Mercedes Classe C. Os dois itens usados no marketing são bons, mas somente entre os seus verdadeiros concorrentes. Além destes do comparativo, há também o Chrysler 300C V6 e o Ford Fusion, que tem motor menor.

Lançado em abril, o Accord EX é o mais "novo" dos três. Mas, considerando a história da linha, tem a mesma idade do Omega. Começou a ser importado em 1992 quando o Chevrolet começava a ser fabricado no país. Mundialmente ele está na oitava geração, mas para os brasileiros, ele está na quinta. A carroceria anterior vinha do México sem pagar imposto de importação, mas devido a maior procura no segmento de utilitários, ele trocou de origem com o CR-V e passou a vir diretamente do Japão, pagando mais caro. É o único dos três que também oferece um motor de quatro cilindros e 2.0 na versão LX. Já em termos de experiência, que é diferente da idade, podemos dizer que a do Omega é maior, pois ele é o que mais conhece o nosso chão. Já foi nacional e, desde que sucedeu o Opala há dezesseis anos, é o carro oficial dos ministros de Estado e do presidente da República, mesmo importado da Austrália há dez anos. O modelo desenvolvido pela Holden, subsidiária da General Motors no país dos cangurus, chegou há exatamente um ano e é a primeira reestilização inteiramente nova desde 1998.

Os três sedãs possuem um desenho sóbrio, apropriado para o segmento. Omega e Accord são os mais modernos e de aspecto levemente esportivo. O primeiro chama atenção pelas máscaras negras nos faróis e as saídas de ar nas laterais da frente e o segundo pelas lentes claras das lanternas. O Azera é antiquado demais. Faróis, grade, perfil e lanternas parecem ser dos anos 90. Entretanto, é o único que tem interior na cor clara e detalhes de madeira de verdade no painel. O Chevrolet e o Honda têm painel, revestimento e bancos pretos e chamam atenção pelos detalhes prateados, mais discretos no Accord. A qualidade de acabamento dos três é boa, mas deveria ser melhor para um carro desse porte. Principalmente o Omega, que não tem revestimento interno do porta-malas. Falando nele, a capacidade do trio não chega a 500 litros. O maior é o do Omega, de 496. O Azera tem 469 e o Accord (que aprendeu com o irmão Civic no quesito bagageiro pequeno) recebe apenas 453 litros. Tamanho eles têm, pois estão na faixa dos 4,90m de comprimento. O motivo pode ser a prioridade ao espaço interno. E é isto o que mais agrada neles. Afinal, a maioria dos seus proprietários anda no banco de trás com motorista. Graças a boa largura, o Omega é o mais confortável neste sentido. O Azera é realmente espaçoso para as pernas como o Série 7, mas por ser estreito e baixo, fica atrás do Accord, que se destaca na altura.


Por baixo do motor V6 24 válvulas dos três modelos há muitas diferenças. A começar pela cilindrada. A maior é a 3.6 do Alloytec do Omega. Depois vem o 3.5 do Accord, que tem gerenciamento variável de cilindros (VCM2), que permite que o motor funcione com até metade deles. O 3.3 do Azera tem 245 cavalos, mas seu comando de válvulas é variável. Os motores Honda e Chevrolet dividem a liderança entre potência e torque. O Accord é mais potente por 278 a 254 cv. O Omega é mais forte por 35,7 a 34 kgfm. E os dois experientes modelos também são os mais ágeis. O japonês acelera mais rápido enquanto o australiano é o mais veloz. O desempenho do coreano não é ruim porque chega aos 100 km/h em menos de nove segundos e alcança os 225 km/h, mas ficou um pouco atrás da concorrência. Todos têm câmbio automático de cinco marchas, mas só o Accord não tem controle seqüencial. Os motores flex ainda não são realidade nos seis cilindros vendidos no país. A única saída é abastecer com gasolina somente. E a economia de combustível não é a preocupação dos seus compradores. De qualquer forma, o Accord se mostrou o mais econômico.



Os três sedãs de luxo são equipados com alguns itens obrigatórios pelo preço que custam e para o público ao qual se destinam. Principalmente na segurança: freios ABS com EBD e controle de estabilidade, airbags duplos, laterais e de cortina, piloto automático, disqueteira mp3 com controle no volante, ar condicionado digital com controle independente para motorista e passageiro (duas zonas) com saída para a traseira e banco do motorista elétrico. Mas há pecados e requintes bem-vindos. O maior deles é o do Accord que cobra R$ 144.500 e, mesmo sendo o mais caro, não tem controle de tração, computador de bordo e nem sensor de estacionamento, presentes nos concorrentes e, no caso dos dois últimos, até em carros populares. Mas não compensa com nenhuma bossa exclusiva. Pelas características técnicas é rápido e econômico. O Azera tem ar condicionado com filtro anti-pólen e controle de qualidade do ar. O Omega tem DVD na frente e no teto, para os passageiros de trás. Por isso tem a lista de equipamentos mais completa e sai por R$ 139.990. Vence o comparativo pelo melhor equilíbrio técnico, mas na simples relação preço/equipamentos o melhor é o Azera, que completo (faróis de xenônio, teto solar, painel de iluminação eletrônica e cortina do vidro vigia são opcionais) é vendido por R$ 105.700, só que na mecânica fica atrás dos concorrentes.

O comparativo mostrou que esses "acessíveis" sedãs do oriente são realmente luxuosos, mas o Omega merece mais cuidado no acabamento, o Accord mais equipamentos e o Azera um estilo ousado e inovador.