Mais esportivo, menos original

Texto: Gustavo do Carmo
Fotos: Divulgação


O Jaguar XF é um sonho de consumo que já chegou ao Brasil. Esta seção do blog não é exclusiva dos modelos que nunca são vendidos oficialmente em nosso país. Vale também para os modelos comercializados em série acima de 270 mil reais. E o Jaguar XF está nesta faixa. Pois os R$ 278 mil pedidos pela versão 3.0 V6, a mais "simples", o coloca acima da nossa realidade Menos para os 14 felizardos que compraram o primeiro lote já esgotado.

Não é inveja e nem olho gordo. Pelo contrário. O desenho do novo sedã "médio" da marca inglesa, recém-adquirida pela indiana Tata, mas ainda concebido na gestão da Ford, ficou muito bonito, moderno e com linhas bem esportivas, inaugurando a nova identidade visual da Jaguar, antecipado no protótipo C-XF. No entanto, perdeu a originalidade e a classe do seu antecessor, o S-Type. Na lateral, o caída suave do teto, a linha de cintura elevada e as janelas pequenas confirmam: o XF seguiu o conceito dos Mercedes CLS e o Passat CC, da Volkswagen e virou um coupé de quatro portas. Não chega a ser um 2+2, mas o passageiro traseiro do meio tem a sua disposição um elevado túnel sob seus pés. A moldura larga das janelas na altura do vidro vigia faz lembrar um BMW. Ao lado das portas dianteiras, há uma entrada de ar vertical que dá um ar de Land Rover (que também pertence à Ford). A traseira remete ao Aston Martin DB7 por causa das lanternas horizontais que invadem a lateral. Nesta área, interessante é o alinhamento do friso cromado com a faixa que abriga a luz de ré. Na dianteira, os faróis de formato irregular e a grade grande e plana, meio ovalada, evoca o saudoso coupé E-Type. Mas também um Maserati. Os vincos no capô complementam a imponência do novo sedã.



O painel é bem acabado e de aparência reta. O volante tem três braços e com comandos de algumas funções. Nada mau. Só que mais uma vez não ficou original, pois os jipes da Land Rover voltaram a servir de inspiração. Os detalhes em madeira no tablier e no console inferior ainda estão presentes. Porém, de forma mais discreta. O que se sobressai mais é o alumínio. A inovação tecnológica é o câmbio automático de seis marchas ajustado por um botão giratório. O sistema foi desenvolvido em parceria com a empresa de informática Apple, a mesma do Macintosh e do iPod. As mudanças de marcha também podem ser feitas na alavanca próxima ao volante. Porta-objetos, porta-luvas, luzes de cortesia, a partida, a tela multimídia e o ar condicionado são abertos, acionados e controlados por toque. Também há sistema Bluetooth. O porta-malas tem 520 litros.

Na versão mais cara, as suspensões dianteira e traseira usam amortecedores com controle eletrônico. Ainda no capítulo da segurança, o XF tem detector de obstáculos no ponto cego, sensor de estacionamento traseiro com câmera para manobras, ajuda para frenagem de emergência (EBA), controle de tração, controle de velocidade ativo (cuja principal função é recuperar a velocidade programada automaticamente depois de uma freada) e o controle dinâmico de estabilidade DSC.


O Jaguar XF chega ao Brasil com três opções de motor. O V6 é 3.0 e tem 238 cavalos de potência. O intermediário é o V8 aspirado, 4.2 de cilindrada e 298 cv. Custa R$ 319 mil. O mais completo é o V8 Supercharged (chamado também de SV8), com compressor mecânico e potência de 420 cavalos. Sai por R$ 367 mil.

Com 4,96m de comprimento, 1,87m de largura, 1,46m de altura e 2,90m de distância entre-eixos, o XF é o sedã médio porque se posiciona acima do X-Type e do clássico XJ. Concorrerá com o BMW Série 5, o Audi A6, Volvo S80 e a própria Mercedes CLS, além do Classe E. Nós, mortais, temos que nos contentar apenas em apreciá-lo nas ruas dos bairros mais chiques ou no showroom da concessionária. A única daqui do Rio fica na Barra da Tijuca.